+ Zero Baunilha

Sadomasoquismo X Abuso

Onde termina a ponte e inicia a estrada?


por Lust

 
 


Em meus estudos procurei algo que pudesse trazer a vocês parâmetros básicos para tal diferenciação.
Este artigo tem como propósito desmistificar e afunilar este tema. Quando sei que estou sofrendo abuso? Até que ponto pode ser somente o prazer sem agressão psicológica e acarretamento de traumas?

Vamos começar pelo principal; dar nome aos bois!
O impulsionador de termo sadista, Donatien Alphonse François de Sade, conhecido popularmente e imortalizado como Marquês de Sade,trouxe-nos o conhecimento sobre o que seria o sadomasoquismo em muitos de seus contos, obras e afins. Considerado como louco e perverso, apresentava formas fora da caixinha de se obter prazer físico e psicológico com ações nada comum.

s.a.d.i.s.t.a - Perverso, maldoso, cruel, mau, louco, psicopata (fonte via dicionário informal)

m.a.s.o.q.u.i.s.t.a - PSICOPATOLOGIA
perversão caracterizada pela obtenção de prazer sexual a partir de sofrimento ou humilhação a que o próprio indivíduo se submete; algolagnia passiva [O termo deriva de cenas descritas em livros de Leopold von Sacher-Masoch.].
POR EXTENSÃO
atitude de uma pessoa que busca o sofrimento, a humilhação, ou que neles se compraz.

s.a.d.o.m.a.s.o.q.u.i.s.m.o - perversão sexual que resulta da combinação de sadismo e masoquismo.

Como loucura, desvio de personalidade e caráter ou não, descobrimos que todos, sem exceção, trazemos dentro de nossos corpos de massa e em nossa psique o desejo oculto de realizar as mais diversas fantasias e fetiches.

Ainda no comum social O sadomasoquismo é considerado dentro da psiquiatria como sendo uma Parafilia (para = desvio; filia = atração) ou transtorno da conduta sexual em que há preferência por atividades sexuais que impliquem dor, humilhação ou subserviência. Comumente, os indivíduos com esse transtorno obtêm a excitação sexual por comportamentos tanto sádicos como masoquistas.

Ou seja, sempre tivemos sadomasoquistas na sociedade? Sim, entretanto nenhum dos vivenciadores do mesmo se apresentavam perante a sociedade com esta tag. Nos tempos de hoje, tornou-se comum a exploração e o falar sobre o oculto que até então era tratado com minuciosidade e por baixo dos panos do decrépito porão. Quem em sã consciência falaria de tais tópicos e deixaria implantado em si a ligação a algo tido como proíbido? Realmente ninguém.

Hoje inúmeros relacionamentos se baseiam (sem que ambas as partes estejam cientes), no sadomasoquismo. Um homem que permite que a última palavra seja da mulher, para que assim ele se coloque como inferior na relação, ou uma mulher que permite que eu companheiro a amordace no ato sexual deixando-a imobilizada e a mercê de seus desejos.

Então onde entra o sadomasoquismo X abuso?

Obviamente, como disse acima neste artigo, todos sem exceção temos algum tipo de fetiche ligado diretamente ao sadomasoquismo, entretanto neste jogo de poder, há uma ponte que lhe faz ciente de que esta preferência não seja desvio de caráter e ou psicológico.

No BDSM usamos o SSC, que nada mais é que todos os envolvidos estejam SÃOS (cientes e saudáveis psicologicamente, sem alterações ou desvios psíquicos), SEGUROS (práticas que derivam de ciência e autonomia para exercer, que não trará qualquer tipo de pós-traumático) e por fim A CONSENSUALIDADE (ambos estão cientes e são responsáveis pela decisão tomada em entrar neste jogo).

Tornou-se cada vez mais corriqueiro e abrangente falar abertamente de sexualidade e fetiches em relações baunilhas.

E nisso temos um grande startar para vivências atípicas.

Temos um crescimento absurdo de relações abusivas, que em alguns casos são corriqueiramente ligadas as ditas parafilias onde se crê que quem está envolto do sadomasoquismo tem como traço de personalidade a agressão, crueldade, psicopatia e tendência de comportamento violento.

Porém, vejamos, citarei o exemplo de uma mulher de 40 anos, com traumas anteriores como distúrbio alimentar.

Em uma relação Ds (dominação e submissão) o Dominador x em uma de suas plays obriga a submissa a comer em frente a um espelho,até que esta coloque tudo para fora. Ao ver-se nesta situação é despertado o gatilho emocional que ela crie uma aversão a si e automaticamente ela compreenderá que comer fará com ela volte a enxergar-se como a mulher de outrora, a imperfeição, a falta de controle, e a idéia lúdica que está acima do peso e precisa emagrecer. Em sua mente e emocional já vinculado e ligado a este dominador se faz crer que o mesmo só a fez ter uma visão mais clara e sendo assim aquilo foi útil e disciplinador.

Temos então um abuso extremo em uma relação.

Assim como a mulher que cria vínculo com seu agressor, acreditando piamente que foi ela que o provocou para que fosse agredida. Ele fará com que ela dependa não só fisicamente, mas emocionalmente e no final de tudo isto ela estará com mais um trauma a ser resolvido e tratado.

Dito isto, sabemos que não só o SSC é deveras importante para que não se torne abuso aquele relacionamento, se faz necessário o atuar do cuidar para que com todo este princípio não seja atribuído mais traumas.

Em uma relação de Hotwife com cuckold está plenamente esclarecido os papéis de cada um, as condições e os limites. Ambos estão cientes a humilhação será o marco inicial desta relação e ambos desejam startar.

Com isto entendemos que tratar o cuckold como corno, brocha, e ferir sua masculinidade faz parte de forma inteiriça deste jogo.

Então, sendo assim, não se enganem e se deixem vincular a quem pratica o abuso mascarado sugestionando que seja fetiche ou vivência sadomasoquista.

BDSM sem o SSC trata-se de abuso, e sim quem quer que seja que faça agressão psicológica, não está praticando este jogo de forma saudável e sim um crime.

BDSM é um jogo para adultos, e neste âmbito não deve ter espaço algum para manipulação.

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